segunda-feira, 20 de setembro de 2010

texto de Maura de Fatima dos Santos Espinoza

Maura de Fatima dos Santos Espinoza
 
Eu sou aluna do curso de mestrado em educação, estou no segundo semestre, na Universidade Metodista de Piracicaba.
O meu principal objetivo em seguir estudando e poder compreender um pouco mais as pessoas com quem eu tenho contato a 14 anos, que é o período em que sou  professor de educação infantil.
Os primeiros contatos com Bakhtin têm sido marcados por inúmeras duvidas e expectativas, devido a sua complexidade.
Durante uma das aulas nos foi feita a explanação sobre o discurso e enunciado.



Os enunciados e o tipo a que pertencem, ou seja, os gêneros do discurso são as correias de transmissão que levam da história da sociedade à história da língua. Nenhum fenômeno novo (fonético, lexical, gramatical) pode entrar no sistema da língua sem ter sido longamente testado e ter passado pelo acabamento do estilo-gênero. (Bakhtin, 2000, p. 285).



Automaticamente, me vi remetida a minha prática diária, com os pais das crianças que eu atendo, e na forma de falar e comunicar-se com a escola.
O quão para alguns pais e difícil tentarem estabelecer um dialogo com os professores dos seus filhos.
Em alguns momentos já tomei o silêncio deles como demonstração de pouco interesse na educação dos seus filhos, mas na maior parte do tempo, eu considero as atitudes da maioria deles como uma demonstração de dificuldade em tentar estabelecer um diálogo com os profissionais da educação, que fazem parte da vida deles e de suas famílias por um período de até cinco anos, talvez por medo ou insegurança, já que trabalho em uma região que em sua maioria são formadas por áreas verdes ou favela.
Mas o que ficou claro é que mesmo o silêncio possui um significado (mesmo em silêncio mas ativamente), na maioria das vezes com uma profundidade maior que as palavras. O silêncio que em muitas situações era considerado como descaso, talvez carregue em si a sua insatisfação pessoal ou até mesmo existência.
Talvez carreguem a falta de perspectiva marcada por uma baixa estima, que em sua maioria recebe a contribuição de uma sociedade materialista e consumista. Na qual o dialogo para possuir um significado deve ser falado. Pois já não possuímos tempo para compreender o que não foi expresso em palavras.



O enunciado – oral e escrito, primário e secundário, em qualquer esfera da comunicação verbal - é individual, e por isso pode refletir a individualidade de quem fala (ou escreve). (Bakhtin, 2000, p. 283).


                                                          
Mas por outro lado, eles não deixam de comunicar-se, quando são ouvidos ou questionados.

A inter-relação entre os gêneros primários e secundários de um lado, o processo histórico de formação dos gêneros secundário do outro, eis o que esclarece a natureza do enunciado (e, acima de tudo, o difícil problema da correlação entre língua, ideologias e visões do mundo). (Bakhtin, 2000, p. 282).




 Aqueles pais que muitas vezes não são levados em consideração pela linguagem, ou pelo silêncio no lugar das respostas, conseguem fazer-se entender, pois o dialogo faz parte da rotina deles e em muitos casos como único meio de comunicação, eles podem responder a tudo que queiram na sociedade  quando são solicitados.
Como já citei antes por não podermos sentir as experiências, a emoção, a entonação, a alegria ou angustias, a sensibilidade marcante que somente é vivenciada uma única vez no tempo e espaço, a sabedoria contida na sua existência repleta do senso comum, não possamos ter uma aproximação da visão de mundo deles. Tão perto e tão distante, em função de um dialogo.

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