sábado, 18 de setembro de 2010

O direito à réplica: crítica acadêmica e a legitimação do dizer no espaço institucional

Grenissa Stafuzza 


Cada réplica (...) possui um acabamento específico que expressa a posição do locutor, sendo possível responder, sendo possível tomar, com relação a essa réplica, uma posição responsiva.
Mikhail Bakhtin, Estética da Criação Verbal, 1997.

O texto que ora se apresenta ao Rodas de Conversas Bakhtinianas delineia-se em projeção com a grande temática do evento “Bakhtin e a Atividade Estética – Novos Caminhos para a Ética”, uma vez que trata de discursos críticos, produzidos e divulgados pela/para universidade. A atividade estética da crítica (e aqui situamos em especial a literária), a grosso modo, encontra-se na abordagem de tornar compreensível o texto literário e com ela dialogar para produzir conhecimento. De modo distinto, partindo-se do texto do outro para se construir o texto crítico é preciso que o autor estabeleça princípios éticos de leitura que perpassem pela honestidade intelectual como imagem que constrói o discurso crítico. Nesse sentido, acreditamos que o presente trabalho situa-se – mesmo sem tocar pontualmente na questão da Estética e da Ética – em duas temáticas: i) “O Trabalho Estético em Bakhtin”, quando observamos o posicionamento autoral do crítico em posição ao enfrentamento teórico e estético do texto literário, e ii) “Onde o Estético e o Ético se Encontram Hoje”, quando partimos do princípio de que a réplica utilizada pela crítica para a construção de seu texto é um dos elementos que fundamentam a noção de diálogo. Nesse sentido, transitando entre essas duas temáticas, visualizamos a crítica acadêmica como um lugar de se fazer-saber o estético em relação ao ético no espaço institucional acadêmico.
Em As monstruosidades da crítica (2006, p. 316-325)[1], texto que faz parte da obra Ditos e Escritos (vol. III), Foucault apresenta-nos as réplicas de duas críticas sobre seus escritos, uma realizada por um professor universitário[2] e outra por um crítico jornalista[3], que utilizando-se dos quatro procedimentos tradicionais de transformação do texto – a falsificação do texto, a citação fora de contexto, a interpolação e a omissão – e das mesmas três normas – a ignorância do livro, a ignorância daquilo que eles falam, a ignorância dos fatos e dos textos que eles refutam – chegam, no entanto, a resultados absolutamente contrários: em um caso, trata-se de uma transformação que se realiza aumentando a entropia do livro; no outro, diminuindo-a.
Certamente, Foucault exerce em seu texto o direito à réplica; coloca-se, pois, em uma posição responsiva diante do modo de elaboração das críticas realizadas pelos críticos, demonstrando o sentimento de ter sido injustiçado pelo primeiro e ficcionalmente aclamado pelo segundo. São os riscos que os críticos correm por criticar obras de autores quando vivos: o direito que lhes dão de contestar a crítica feita.

Existem críticas às quais se responde e aquelas às quais se replica. (...) Eu me pergunto se não há ali uma incômoda reação de defesa: teme-se, certamente, admitir que essas críticas têm sua pertinência em relação ao livro que elas atacam; teme-se admitir que, de uma certa maneira, o livro as produziu e as sustentou; mas teme-se, sobretudo, reconhecer que elas talvez nada mais sejam que uma certa chave crítica, uma certa maneira de codificar e de transcrever um livro, uma transformação espantosamente sistemática. (FOUCAULT, 2006, p. 316)

Foucault demonstra, em primeira instância, como o professor universitário, Sr. Pelorson, aumentou a entropia ao criticar sua obra História da Loucura (1978)[4] por meio de um certo número de transformações locais no texto: i) relaciona a obra a uma teoria geral com a qual ela não se relaciona; ii) apaga os limites do tema tratado; iii) confunde os índices de verificação; iv) apaga os níveis de análise; v) pratica um recorte arbitrário; vi) introduz sua própria incompetência. Com isso, Foucault evidencia, por que a crítica do professor encontra-se submetida de modo eficaz às exigências de uma ação exclusiva em seu gênero: substituir a obra, tal como ela existe, por seu próprio método, seu próprio objeto, seus próprios limites, suas próprias verdades e seus próprios erros. (FOUCAULT, op. cit., p. 318-321) A réplica da crítica apresenta-se sobremaneira como a crítica da crítica, num movimento que reflete e refrata o dizer crítico do outro na consciência do eu, esta arena ideológica de lutas de/com palavras onde o embate dialógico pela legitimação de um dizer institucionalizado constitui o tema nodal do saber-fazer crítica e do saber-fazer réplica. 
A segunda crítica é destinada ao jornalista do The New York Times Book Review, George Steiner, que, ignorando a leitura de As palavras e as coisas, estabelece as seguintes transformações locais no livro: i) inversão do pró e contra; ii) introdução de elementos estranhos ao livro; iii) a evocação de autores não aclamados no livro; iv) substituição de autores sem o conhecimento de causa; v) referência a obras que Foucault não escreveu. Talvez tentando ser agradável, o jornalista mostra pouco conhecimento sobre questões concernentes ao livro e extrapola nas invenções – inventa aquilo que lê – descreve elementos que não figuram no texto, inventa obras com as quais compara o livro e até obras que Foucault não escreveu. (idem, ibidem, p. 322-325)
Seguramente, o exemplo que acabamos de expor apenas mostra-nos de maneira pouco sólida os percursos de duas críticas observadas a partir das réplicas construídas pelo autor criticado. Assumimos o exemplo pensando inicialmente em demonstrar que o crítico institucionalmente autorizado (o professor, pela universidade; o jornalista, pela mídia) a dizer algo sobre determinada obra não têm a garantia de obter sucesso. No entanto, diferente da réplica política de debate, televisionada ao vivo aos telespectadores eleitores, o crítico tem um prazo para pesquisar o que se pretende estabelecer como crítica ou como réplica. A questão que surge é que não há fórmulas que descrevem “como se criticar com êxito” tornando o ato de criticar como algo tomado de lógica, saber, competência, mas ao mesmo tempo de subjetividade.
Sob essa perspectiva de análise, examinamos também o artigo de T. S. Eliot, Ulysse: Ordre et Mythe, de 1923, publicado na La Revue des Lettres Modernes, em 1959[5], em que o autor faz uma árdua defesa dos escritos joycianos, utilizando-se também da réplica:

As críticas endereçadas a Ulysses pelo Sr. Aldington há alguns anos, me parece pecar pela mesma desatenção [a de não observar as particularidades da obra], mas o Sr. Aldington formulou-as antes da publicação da obra completa, sua falha é mais honrável que os ensaios daqueles que tinham antes, o livro inteiro. O Sr. Aldington trata o Sr. Joyce de profeta do caos (...). Um forte bom livro pode ter uma influência nefasta; um outro, medíocre, pode, neste caso, ser dos mais salutares. (...) um homem de gênio deve prestar contas a seus pares e não perante um grupo de imbecis sem disciplina nem cultura. Todavia, a patética solicitude de M. Aldington, a respeito de simples espírito, me parece comportar certas implicações sobre a natureza da obra (...). Se eu bem compreendi, o Sr. Aldington detém a obra como um convite ao caos, uma expressão de sentimentos perversos e tendenciosos, e uma desfiguração da realidade. (...) Que seja possível difamar a humanidade [referência à crítica de Aldington que diz: “sua obra [a de Joyce] repousa sobre um erro e constitui uma difamação da humanidade”] (...), este é um assunto controverso para os grupos de filósofos; mas é evidente que se Ulysses constitui uma “difamação”, seria um documento forjado, um malfeito sem conseqüências (...). (ELIOT, 1959, p. 146-147)[6]  (tradução nossa da versão francesa)


A principal diferença entre a réplica de T. S. Eliot, destinada ao crítico Aldington, para as réplicas de Foucault, reservadas ao professor Pelorson e ao jornalista George Steiner, encontra-se na questão de T. S. Eliot estabelecer uma defesa da literatura de um outro autor, que ele acredita ter sido mal compreendido, enquanto Foucault faz a defesa de seus próprios escritos.
A constituição de um grupo de críticos universitários, oficialmente admitido pela universidade para pronunciar determinada crítica sobre a obra (literária, filosófica, sociológica etc.), nos faz pensar em uma esfera da atividade humana relacionada com a utilização da língua que se coloca como especialista da leitura acadêmica: a crítica universitária. A crítica universitária possui uma linguagem especializada perante uma obra que circula na academia e as críticas que são produzidas por meio do estudo dessas obras só podem ser contestadas (tomadas de respostas e réplicas) por outro grupo (também institucionalizado) de críticos que não compartilha da mesma linha de pensamento para formalizar a crítica da obra. Essa questão acrescenta-nos uma problematização, em termos bakhtinianos, que perpassa a relação dialógica no que diz respeito à legitimação e institucionalização do saber crítico na universidade via réplica da crítica.
De acordo com Bakhtin (1997, p. 298),

A obra, assim como a réplica do diálogo, visa a resposta do outro (dos outros), uma compreensão responsiva ativa, e para tanto adota todas as espécies de formas: busca exercer uma influência didática sobre o leitor, convencê-lo, suscitar sua apreciação crítica, influir sobre êmulos e continuadores, etc. A obra predetermina as posições responsivas do outro nas complexas condições da comunicação verbal de uma dada esfera cultural. A obra é um elo na cadeia da comunicação verbal; do mesmo modo que a réplica do diálogo, ela se relaciona com as outras obras-enunciados: com aquelas a que ela responde e com aquelas que lhe respondem, e, ao mesmo tempo, nisso semelhante à réplica do diálogo, a obra está separada das outras pela fronteira absoluta da alternância dos sujeitos falantes.

Quando consagramos a réplica do diálogo como a enunciação-resposta referente ao discurso crítico primeiro, consideramos suas correlações e encadeamentos a partir da relação dialógica que se estabelece bem como o papel institucional do autor crítico. Nesse sentido, destacamos três itens que devem ser problematizados:
i)       De uma enunciação mais geral de crítica para uma enunciação mais específica em que se nomeia o crítico e o discurso partimos de dizer simplesmente “a crítica” para alcançarmos as relações dialógicas da “crítica literária universitária”, por exemplo. A relação entre o crítico e o status que ele exerce compreende principalmente critérios de jurisdição e de conhecimento: observamos, em especial, a autorização, validação, projeção e divulgação do discurso do professor que tem a legalidade concedida pela instituição universidade para fazer certa crítica literária. O papel que se reconhece no crítico acadêmico é a de alguém que tem a formação, que é especializado e por isso possui autoridade para estabelecer determinada crítica. Especificamente, essa relação abrange ainda um apropriado indicador de traços que definem o funcionamento do discurso da crítica literária acadêmica em relação a outros discursos (o literário, o pedagógico, o filosófico, o jurídico, o religioso etc.), pois assim nos permite descrever os elementos que o faz ser um discurso preferencialmente “crítico-literário universitário” e não categoricamente “literário” ou “pedagógico”;
ii)      Precisamos descrever também os lugares institucionais de onde o crítico literário acadêmico alcança o seu discurso, e onde este descobre sua origem legítima e seu ponto de aplicação. A universidade seria o lugar institucional mais amplo que conglomera várias práticas institucionalizadas que explícitas ou não participam da realidade acadêmica do professor crítico: o exercício político-pedagógico da deliberação da grade curricular dos cursos; a escolha da programação dos cursos; a prática pedagógica da sala de aula; os espaços institucionais: a sala de aula, a biblioteca, os laboratórios de pesquisas; os núcleos de pesquisa; os grupos de pesquisa que seguem diferenciadas áreas de estudo etc.; 
iii)    As posições do sujeito definem-se do mesmo modo da situação que lhe é admissível ocupar em relação aos múltiplos domínios ou grupos de objetos: o crítico acadêmico ocupa duplo lugar na universidade, pois produz conhecimento quando se empenha na escritura e publicação de um artigo crítico literário (produção de conhecimento teórico) e ao mesmo tempo formula suas aulas didáticas, é professor quando se encontra na sala de aula com seus alunos (comunicação oral), professando seus ensinamentos. Nesse sentido, ele é sujeito que questiona, segundo uma determinada rede de questões formalizadas ou não, e que ouve, de acordo com certas instruções de informação conferidas pela sua área de atuação profissional; é sujeito que observa, segundo um conjunto de traços característicos, e que comenta, segundo um modelo descritivo já aprovado pelo seu grupo. Nesse sentido, devemos considerar também as mudanças de posicionamentos, de modos de classificar, de modelos descritivos de análise, de integrar com a instituição novas formas de ensino, de circulação das informações, de considerar outros campos teóricos (filosofia, ciências sociais, história etc.) e de vinculação com outras instituições (sejam elas de ordem acadêmica, administrativa, política ou econômica).

O selo universidade nas publicações de trabalhos de crítica literária fixa status e direitos a quem pronuncia tal discurso – geralmente professores ou alunos de pós-graduação tantas vezes também já professores –, não sem antes lhe fixar limites e orientações do que dizer sobre a obra literária. Há, especialmente, na institucionalização do saber, nesse caso, na institucionalização da crítica literária, uma obediência ao discurso dito oficial que se profere na academia. O discurso de “sala de aula” nos cursos de Letras deve contemplar determinados modelos de crítica literária já consagrados pela tradição universitária da área em estudo: existem professores especialistas em literatura portuguesa, professores especialistas em literatura inglesa, literatura brasileira, literatura norte-americana, literatura africana etc. A escolha da grade curricular, por exemplo, faz-se conjuntamente com a escolha do referencial bibliográfico de determinado curso de literatura (sendo assim para todos os outros cursos dentro da academia) e não de forma secundária, pois a escolha de determinada programação implica a seleção de determinados textos referenciais e a consequente exclusão de outros. Há, portanto, uma ordem do discurso da crítica literária universitária que é, sobretudo, institucionalizada.
Podemos visualizar o discurso crítico a partir da relação que se estabelece entre (inter)locutores tanto via interação quanto via instituição. Nesse sentido, o gênero artigo crítico-literário universitário somente opera-se no universo ao qual foi designado – à academia e àqueles que participam dela, especialmente os membros dos departamentos de Letras –, justamente porque não poderá ser compreendido por destinatários que se encontram fora desse domínio de saber. Esse debate acentua mais fortemente o caráter de autoridade de um dizer sobre um outro dizer, o que não significa que um destinatário que esteja fora do universo de Letras não poderia comprazer-se com a leitura de uma obra de James Joyce, no entanto, isso dificilmente ocorrerá se esse mesmo destinatário ler um artigo crítico-literário acadêmico sem o conhecimento sobre alguns elementos: correntes literárias, formas de análises, teorizações. Por isso, podemos falar em especificidade e a consequente sofisticação do discurso da crítica literária universitária e, consequentemente, de sua réplica.
Voltemos um pouco na discussão inicial e busquemos, pois, “o primeiro e mais importante dos critérios de acabamento do enunciado” (BAKHTIN, 1997, p. 299), tal seja “a possibilidade de responder – mais exatamente, de adotar uma atitude responsiva para com ele” (idem, ibidem). Notamos, assim, que a totalidade acabada do enunciado crítico proporciona a possibilidade de réplica (de o autor compreender de modo responsivo a crítica a ser respondida) sendo determinada por três fatores indissociavelmente ligados no todo orgânico do enunciado: i) o tratamento exaustivo do objeto do sentido; ii) o intuito, o querer-dizer do locutor; iii) as formas típicas de estruturação do gênero do acabamento.
            Nesse domínio de análise pontuamos que tanto as réplicas construídas por Foucault (2006, p. 316-325) direcionadas às duas críticas – do professor Pelorson (1970) e do jornalista Steiner (1971) –, como a réplica estabelecida por T. S. Eliot (1959) em defesa da obra Ulysses (1921) de James Joyce em razão da crítica do professor Aldington (1920), fundamentam-se a partir de situações discursivas que as inserem na cadeia da comunicação verbal. Logo, tentamos situar a réplica como uma construção discursiva que busca, em primeira instância, legitimar um dizer no espaço institucional acadêmico sendo este um tema, como foi possível observar neste curto espaço, com múltiplos desdobramentos que não se encerram com este texto. Que venham as réplicas!


Referências Bibliográficas

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
_____. Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010.
BAKHTIN, M.; VOLOSHINOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 4ª ed., 1988.
ELIOT, T. S. “Ulysse: Ordre et Mythe”. In: La Revue des Lettres Modernes - Histoire des Idées et des Littératures. Paris: Lettres Modernes Minard, no 46-48, vol. VI, 1959, p. 145-150.
FOUCAULT, M. “As monstruosidades da crítica”. In: Estética: Literatura e Pintura, Música e Cinema.  (Org.) MOTTA, Manoel Barros da. Coleção Ditos & Escritos III. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2ª ed., 2006, p. 316-325.
_____. “O que é a crítica? Crítica e Aufklärung” (trad. Antônio C. Galdino). In: Cadernos da Faculdade de Ciências e Filosofia de Marília “Michel Foucault: histórias e destinos de um pensamento”. BIROLI, Flávia e ALVAREZ, Marcos César (Orgs.) Marília: Unesp, vol. 9, no 1, 2000, p. 169-189.
FREADMAN, R.; MILLER, S. Re-Pensando a teoria: uma crítica da teoria literária contemporânea. São Paulo: UNESP, 1994.
PELORSON, J. M. “Michel Foucault et l´Espagne”. In: La pensée, no 152, agosto de 1970, p. 88-89.
STAROBINSKI, J. La relation critique. Paris: Gallimard, 2001 (édition revue et augmentée).
STEINER, G. “The mandarin of the hour: Michel Foucault”. In: The New York Times Book Review, no 8, 28 de fevereiro de 1971, p. 23-31.
TADIÉ, J. Y. La critique littéraire au XXe siècle. Paris: Belfond, 1987.




[1] Versão francesa: “Monstrosities in criticism”; Diacritics, t.I, no 1, outono de 1971, p. 57-60.
[2] PELORSON, J. M. “Michel Foucault et l´Espagne”; La pensée, no 152, agosto de 1970, p. 88-89.
[3] STEINER, G. “The mandarin of the hour: Michel Foucault”; The New York Times Book Review, no 8, 28 de fevereiro de 1971, p. 23-31.
[4] Versão francesa: Folie et Déraison. Histoire de la Folie à l´Âge Classique. Paris, Plon, 1961.
[5] CONFIGURATION CRITIQUE DE JAMES JOYCE I – PREMIÈRE PARTIE - TOME I. La Revue des Lettres Modernes - Histoire des Idées et des Littératures. Paris:Lettres Modernes Minard, no 46-48, vol. VI, 1959.
[6] Na versão francesa: “Les critiques adressées à Ulysse par M. Aldington il y a quelques années, me semblent pécher par la même inattention, mais M. Aldinton les ayant formulées avant la parution de l´oeuvre complète, son échec est plus honorable que les essais de ceux qui avaient devant eux le livre entier. M. Aldington traita M. Joyce de prophéte du chaos (...). Um fort bon livre peut avoir une influence néfaste ; un autre, médiocre, peut en l´occurence être des plus salutaires. (...) un homme de génie est responsable devant ses pairs et non devant une chambrée d´imbéciles sans discipline ni culture. Néanmoins, la pathétique sollicitude de M. Aldington à l´égard des simples d´esprit me semble comporter certaines implications sur la nature de l´ouvrage (...). Si j´ai bien compris, M. Aldington tient l´ouvrage pour une invitation au chaos, une expression de sentiments pervers et partiaux, et une défiguration de la realité. (...) Qu´il soit possible de diffamer l´humanité (...), c´est là matière à controverse pour sociétés de philosophes; mais il est évident que si Ulysse constituait une “diffamation”, ce ne serait qu´un document forgé de toutes pièces, une malfaçon sans conséquences (...).”

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