Bruna Maria Montesano
No âmbito educacional, quando se pensa em ética e estética, o assunto pode nos remeter a Aristóteles, quando ele propõe que para se educar alguém e torná-lo virtuoso, é necessário mostrar aos alunos o que seria algo bom ou que agrade, o “ruim” seria algo desagradável. O agrado e o desagrado podem estar ligado à estética e a valores morais, os alunos entendendo os tais valores, podem deduzir o que seria o “certo” e o “errado”, a partir do momento em que eles só farão coisas que os agradem e deixarão de fazer coisas que desagradem, eles se tornaram virtuosos.
Mesmo Aristóteles não usando a expressão "estética" propriamente dita, ele propõe que a felicidade tende a transformar os homens virtuosos, pois o ideal de humanizar através do prazer e do desprazer pode transformar um individuo. O prazer em aprender pode ser estimulado. A beleza estética do conhecimento pode enriquecer e dar vida a uma nova fase do conhecimento. Observamos em Freire e Shor que:
Outro ponto que faz da educação um momento artístico é exatamente quando ela é, também, um ato de conhecimento. Conhecer, para mim, é algo de belo! Na medida em que conhecer é desvendar um objeto, o desvendamento dá "vida" ao objeto, chama-o para a "vida", e até mesmo lhe confere uma nova "vida". Isto é uma tarefa artística, porque nosso conhecimento tem qualidade de dar vida, criando e animando os objetos enquanto estudamos (FREIRE, SHOR, 1986, p. 145).
A formação ética, acontece no âmbito educacional, ou melhor dentro da sala de aula, pois é desse modo que a educação pode transformar, conscientizar. Pois para Freire, o professor está na sala de aula, para tornar os alunos críticos e criativos, de modo que eles aprendam através de suas experiências e suas origens culturais. Desse modo através do dialogo, tanto os alunos como os professores, aprendem uns com os outros.
Pode-se usar como exemplo a sala de aula, em que o professor apenas depositará o conteúdo na cabeça de seus alunos, sem torná-los cidadãos críticos, aprendendo apenas a se acomodar com as coisas. A conduta de um professor que se põem acima de seus alunos pode acarretar o desinteresse dos educandos de se envolverem com a matéria pois sempre serão apenas os que estão aprendendo e nunca o que além de aprender também ensinarão.
Em contra-posto, haverá também aquele professor que além de ser o professor, será o professor-educando que permitirá que o aluno participe da aula, se tornando crítico e participativo, ele será o aluno-educador e, isso é o que chamará a atenção do aluno, o qual participará ativamente da aula pois terá a chance de se expressar e isso tornará a aula mais agradável e o desempenho escolar melhorará.
Percebe-se então que "a força do educador democrata está na sua coerência exemplar: é ela que sustenta sua autoridade. O educador que diz uma coisa e faz outra, eticamente irresponsável, não é só ineficaz: é prejudicial" (FREIRE, 2001, p.73). Quão mais o educador se dedicar para tornar a aula um local de aprendizado agradável, terá a chance de colaborar para a melhoria de ensino em nosso país. Pois as pessoas estão em constante transformação. O dialogismo funciona como uma ferramenta de transformação e formação moral e educacional. Bakhtin diz que “As palavras dos outros introduzem sua própria expressividade, seu tom valorativo, que assimilamos, reestruturamos, modificamos” (BAKHTIN, 1997: 314)
Referencia:
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
FREIRE, Paulo; Ira Shor. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor. 9ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986
FREIRE, Paulo; Educação e Mudança. 25ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
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