Arlete Pereira
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Na região do Vale do Ribeira alguns remanescentes dos quilombos usam dizer para alguém que está partindo em viagem à casa de algum parente ou conhecido: “_ Faz presente!”. Não dizem: “Dê lembranças, mande lembranças ou me faça presente”.
O portador dessa mensagem ao chegar à casa não tem a necessidade de repetir a frase “Faz presente!”. Sequer precisa dizer que o amigo enviou lembranças, ele apenas relembra fatos, casos e conta as novidades sobre este amigo.
Desta forma o amigo estará presente entre eles e as lembranças reavivadas.
Na contemporaneidade pensar em o que é estar presente tem se tornado um tanto complexo. E as questões éticas a serem discutidas aqui também ganham novos rumos.
Podemos estar presente por meio da escrita, da imagem, da mídia,da internet, ou apenas estarmos com o “status online” (e não estarmos onde parece que estamos, conectado em frente ao computador) ou em sala de aula dormindo.
Podemos ainda estar presente em vários lugares ao mesmo tempo via internet.
O quanto é preciso de mim ou do outro para sermos ou para estarmos?
Nesta perspectiva a construção social do eu, a dialogicidade e as discussões éticas ganham novas dimensões?
Faremos presente Bakhtin e a Atividade Estética – Novos Caminhos Para a Ética
nas Rodas.
Ao presentearmos alguém esperamos que o presente entre outros fins sirva também para que não sejamos esquecidos. O quanto precisamos ser lembrados pelo outro?
Estaremos nós presentes? O que é estar presente?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______Estética da Criação Verbal. São Paulo, Martins Fontes, 2000.
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