Michele Mendes Rocha[i]
michelemendesrocha@gmail.com
Este breve texto tem como objetivo iniciar uma reflexão acerca da problemática do agir docente pelo olhar ético/estético bakhtiniano. E com isso quiça apontar caminhos para nortear para onde e por onde pretendemos andar no processo de formação de professores. O agir do professor em sala de aula, assim como de outras profissões, ocorre em uma situação histórica e social. Desse modo, o contexto e a interação se apresentam como elementos de suma relevância para o fazer professoral quando em sala.
Contudo, ao nos depararmos com a questão da prescrição do agir docente em documentos normativos elaborados por órgãos reguladores da educação, é possível perceber que há grande diferença ente o que está ali prescrito e o que é realizado. Se o sujeito é responsável por seus atos, já que seus atos éticos são constituintes de seu agir no mundo, como fica, então, essa responsabilidade quando ela vem prescrita por uma outra instância?. Além disso, como pode se dar o processo ensino-aprendizagem ditado por esses órgãos se é na interação que o processo de constituição do sujeito acontece?
Assim pensando na ética, segundo diz Bakhtin, que é algo inerente ao processo de constituição do sujeito (neste caso o professor), é importante que ele assine responsavelmente por seu viver, por suas formulações didáticas em sala enquanto educador. Nagore S. Prahbu em, A dinâmica da aula de Língua,diz que
o argumento de que é ingênuo imaginar que os especialistas possam formular um bom método de ensino e daí amealhar professores que os ponham em prática nas suas salas. Quero sugerir que o ensino nas salas de aula só pode melhorar se os professores agirem como especialistas de si mesmos.(p.2)
O professor, com isso, tem que se ver/entender como um “ser- evento único” e não apenas como parte do mundo natural, mas social, devido sua condição humana. Tendo em vista que todo ser humano é único e possui seu lugar também único na existência, não é possível escapar da sua responsabilidade existencial. Que com essas breves inquietações e apontamentos sob o viés bakhtiniano o agir docente, o embate entre prescrição e realização e a relação entre teoria e prática sejam questões (re)pensadas para uma melhor compreensão do métier do professor.
Bibliografia
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
FARACO, C. A.O estatuto da análise e interpretação dos textos no quadro do Círculo de Bakhtin. In: GUIMARÃES, A M.; MACHADO, A R.; COUTINHO, A.O interacionismo sociodiscursivo. Campinas: Mercado de Letras, 2007.
PRABHU, N. S. A dinâmica da aula de língua. Disponível em http://www.let.unb.br/jcpaes/traducoes.html Acessado em junho de 2010.
SOBRAL. A.O Ato “Responsível”, ou Ato Ético, em Bakhtin, e a Centralidade do Agente. Signum, Loondrina, : Estud. Ling., Londrina, n. 11/1, p. 219-235, jul. 2008.
[i] Mestranda em Estudos Linguísticos no Programa de Pós-Graduação do Curso de Letras da Universidade Federal de Santa Maria
Nenhum comentário:
Postar um comentário