Josely Teixeira Carlos
Em nosso trabalho analisamos a música popular brasileira enquanto prática discursiva, baseando-se no arcabouço teórico-metodológico de Bakhtin e seu Círculo, a chamada metalinguística, contemporaneamente denominada de Análise Dialógica do Discurso. A presente comunicação objetiva investigar o discurso literomusical brasileiro a partir dos conceitos esfera, gênero de discurso e estilo. Nessa esfera discursiva literomusical, composta por uma comunidade discursiva formada por compositores, letristas, músicos, intérpretes, produtores, radialistas, ouvintes e fãs, todos fazedores, divulgadores e consumidores da canção, a canção é o gênero discursivo por excelência. Além da canção, gênero híbrido que une uma letra a uma melodia, outros gêneros são produzidos no âmbito do discurso literomusical: as capas e contracapas dos álbuns e os encartes são alguns dos enunciados concretos produzidos por essa comunidade. Aqui, analisamos por meio de diversas semioses como se constitui o estilo em variados suportes e mídiuns que materializam o discurso literomusical. Analisamos o conceito de estilo nas materialidades verbal e musical da canção, nas imagens e material gráfico dos álbuns e encartes, no modo de cantar, de se vestir e de dançar do cancionista. Consideramos também a atuação dos cancionistas nos shows, além do posicionamento das gravadoras, dos produtores musicais, do público, dos jornalistas, dos críticos e dos próprios cancionistas. Em resumo, investigamos o discurso literomusical (análise das canções, depoimentos e críticas sobre a obra dos cancionistas por uma crítica especializada); o metadiscurso literomusical empreendido pelos próprios cancionistas; os discursos jornalístico (entrevistas, reportagens etc.) e o publicitário (campanhas, convites de shows etc.). Nossa metodologia pode ser sintetizada nas palavras do próprio Bakhtin, que afirma que “uma análise estilística que queira englobar todos os aspectos do estilo deve obrigatoriamente analisar o todo do enunciado e, obrigatoriamente, analisá-lo dentro da cadeia da comunicação verbal de que o enunciado é apenas um elo inalienável”.
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