domingo, 19 de setembro de 2010

HISTÓRIAS CONTADAS ORALMENTE PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

  
Mariana Pereira de Vasconcelos
Aluna do segundo ano de psicologia na :
UNESP -Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita

O deficiente visual, não está imune a preconceitos provenientes do desconhecimento das pessoas, que falam de uma cegueira que é mistificada; como algumas vezes em que é representada como punição divina, ou uma dádiva. Há diversos conceitos acerca da cegueira surgidos ao longo da historia que podem ser encontrados na literatura; como na mitologia grega, podemos citar a titulo de exemplo, o individuo cego chamado Tirésias, que tem os olhos cortados, e recebe como recompensa dos deuses a capacidade de prever o futuro, e o mito do Édipo Rei, este que arranca os próprios olhos - a cegueira como uma punição. Em outra direção encontramos a cegueira entendida como dádiva divina. Mas há as diversas deficiências visuais, que podem privar o individuo da visão, essas se dividem basicamente em dois grupos, cegueira e baixa visão.
Com relação à cegueira é considerado cego o individuo com acuidade menor que 0,1 ou campo visual com menos de 20 graus, aquele que tem dificuldade e que necessitam do tato, audição e olfato como sentidos primordiais, essa definição já aceita nos anos 1980, e acrescentamos também, que eram considerados cegos aqueles que precisassem do método Braille para aprendizagem da leitura de escrita.
Há diversos casos em que a escrita da criança cega acaba sendo muito pobre, por ter um vocabulário vasto e com dificuldades na escrita com diversos erros ortográficos , acontece que muitas vezes educadores ou ate mesmo a família não dão uma devida atenção ao que a criança escuta e escreve ,é a critica por parte de educadores quanto à desbrallização, em que a utilização do DOSVOX facilita a escrita e leitura sim do cego,
Mas que por outro lado, o deficiente visual acaba por ter erros ortográficos por não ter contato com a escrita. É de grande importância utilizar maior e melhor numero de recursos para incluir a criança.
A importância de contar contos

A junção o conto mais a criança, a interação contadora e historia, e a historia, criança, a importância de contar contos faz com que a criança faça indagações, o que ajudará na verbalização, há um caso contado por Amiralian em Compreendendo o cego, que alguns casos, os participantes da pesquisa não verbalizam muito bem a historia contada pelo método D-E onde há a presença de fantasia e do real, casos em que a dificuldade e desenvoltura mostram uma relação com a idade, conteúdos do próprio sujeito e contexto social, em contrapartida de sujeitos mais novos, com família de melhores condições financeiras, pais participativos, e o grau de escolaridade da criança, interpretam a própria historia contando-a de modo e coeso.
Mas como esse não é um projeto de enfoque psicanalítico, é preciso através deste observar o efeito que causará as historias em que beneficio ás crianças, com a utilização e a não utilização dos recursos já citados.
Todo conto tem um ritmo, o lugar em que se passa a historia, como é o que tem o clima, que sensação pode criar para o ouvinte, a historia e o modo de contá-la deve seguir certo ritmo, a cada idade há um tempo a duração do conto, para que a historia não deixe de ser apreciada e tornar-se cansativa.
A narração de contos facilita aos professores apresentarem questões complexas ás crianças, assim abrem-se questionários por parte delas, e possibilidades de aprender cores e formas através das figuras do livro, tamanhos e contrastes, proporcionando assim o desenvolver das formações de imagens e da linguagem oral. A criança aprende sim conceitos complexos, o que a faz entender é a forma como serão utilizado, onde e quais os recursos usados para o seu melhor entendimento.

O poder da oralidade

O desenvolvimento da historia o inicio, meio, e fim podem ser enfatizados de forma que a criança compreenda o desenvolvimento do conto, o narrador tem o poder de que ao contar especificar detalhadamente este, a historia pode ser preenchida, pela descrição do cenário, dos personagens envolvendo assim a criança a partir da sua imaginação - o que ela percebe, o que sente daquele cenário, no caso para criança cega a descrição é muito importante, recursos audiodescritivos que hoje muito utilizados seja
em cinema, teatro, ou até mesmo em apresentação de slides, colaboram em um conhecimento mais detalhado sobre o lugar em que se encontra.
O contador deve ter um devido cuidado, pois ao contar a historias e fazer certas modificações que podem deixar de enfatizar objetivo do conto, e dar um rumo ou resumindo a historia a um detalhamento e conteúdo pobres, essa é uma problemática que aparece muitas vezes, em que o contador passa moralidade e ideologias subjetivas, distorcendo a intenção inicial do conto.

Narração de Histórias

A narração oral para cegos para cegos congênitos utilizará de recursos sonoros e sensitivos: musicas que remetam o tema da historia, canto e ritmos como batuque que façam com que as crianças possam acompanhar ou mesmo bater, e elementos que causem sensações, quente e frio, recursos que facilitem ativar o imaginário das crianças.
O contador precisa ter consciência de que através de seu corpo ele se expressará, pelos gestos e olhar. O ouvinte acompanha com o olhar o desenvolver e  a forma como é expressada a historia , assim é expressado através do corpo a historia , o ouvinte forma uma imagem interna . Essas expressões do contador ao contar a historia podem chamar de linguagem não-verbal, que compreende expressões faciais de emoções como; gestos e posturas corporais, e toque e o cego congênito também exibe emoções na face embora não tenha pistas visuais, mas pensemos então na como seria o contar historias para crianças deficientes visual.
Como um meio facilitador da linguagem pensou-se, a narração de historias, através do conto que pode dizer de onde veio alguém; como é e o que faz, que elemento o personagem traz consigo. É possível conhecer lugares os quais fantasiamos, conversamos sobre eles, conceituar algo através do que foram contados, as observações e sentimentos que a historia trouxe ao ouvinte.
O que o conto pode causar que mudança, ou o que a historia tem em comum com o contexto social, o cotidiano da criança ouvinte, qual personagem fará com que ela se identifique as sensações e o que poderá sentir.
Mas a criança cega ao ouvir o conto, por não visualizar imagens gestuais e faciais do contador receberá deste e da historia outro meio além do auditivo, tátil e sinestésico, uma historia que será contada com ritmo e sons.
No livro de COELHO ela cita uma situação que ao contar a historia “Pedacinhos Mágicos” para crianças deficientes visuais, passaram de mão em mão uma caixinha de música e as crianças colocaram junto ao ouvido, tentando descobrir como funciona.
Toda criança gosta de ouvir historias e precisa, porque é através delas que compreende conceitos complexos, e é na fantasia é que se identifica e expressa com maior facilidade, principalmente quando é feita alguma brincadeira após o conto.
O projeto visa pesquisar um meio, que possa fazer algo para colaborar em algumas das dificuldades do deficiente visual, a linguagem, foi pensada a expressão da criança cega que esta por se desenvolver, e que como toda a outra tem os mesmos direitos, que muitas vezes não são respeitados e/ou incentivados.


Referências Bibliográficas


AMIRALIAN, Maria Lúcia. M, Compreendendo o Cego - uma visão psicanalítica da cegueira por meio de desenho-estorias . São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997


ALBURQUEQUE, Fátima, À hora do conto: Reflexão sobre a Arte de contar historia na Escola, Lisboa/Portugal, 2000.

BUSATO, Cléo, A arte de contar de histórias no século XXI: tradição e ciberespaço/ Cléo Busatto. 2. Ed – Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

CARPENTIERI, M.N, diferentes faces da educação –UM ALUNO ESPECIAL –um cego num mundo de videntes. Editora arte ciência, são Paulo-sp 2001.

COELHO, Betty, Contar historia uma arte sem idade. Ed- São Paulo,SP: Ática, ..


MACHADO, Regina, Acordais: fundamentos teóricos- poéticos da arte de contar historias, São Paulo: DCL 2004.

Ormelezi, E. M. (2000). Os caminhos da aquisição do conhecimento e a cegueira: do universo do corpo ao universo simbólico. Dissertação de mestrado, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo.

 SILVA, Michelli Alessandra, Linguagem de praticas sociais em crianças com deficiência visual e alterações no desenvolvimento. Dissertação de Mestrado, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2008.

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