Daniele Silva
Ética? Que isso? Será aquilo que a maioria da sociedade chama de “ter boa educação?”. Para responder perguntas como esta, Mikhail Bakhtin, resolveu traçar minuciosamente os caminhos que nos levam até as profundezas da chamada ética.
Bakhtin afirma que o sujeito humano é marcado pela ausência de “álibi” na vida, ou seja, cada sujeito deve por obrigação, responder por seus atos, deve ser a marca do agir dos seres humanos.
E, infelizmente não é o que se nota em nossa sociedade, onde o outro, que, na visão do filósofo deve ser priorizado. Pelo contrário não possui direito de ter voz ativa. Dentre os inúmeros exemplos que Bakhtin apresenta sobre responsabilidade ética. É importante destacar quando o mesmo cita a questão do Ato/Evento/Atividade que desperta também no leitor uma reflexão sobre ética.
A ética está presente em questões como dialogismo, o processo em si de interação entre leitor e texto. O sujeito na ética é concreto, está ali para ser estudado, dialogado, trocar experiências com os outros, etc. Bakhtin afirma que o sujeito pode e deve, se afastar de sua própria contingência o suficiente para não a perder de vista. Tentando construir a partir dessa idéia em relações com o outro, ter coletividade, mas também não se afastar do individual, pois ele também faz parte do processo ético da sociedade.
Quando se fala em ética, pode-se perceber sua relação com a linguagem, logo constitui- se um processo complexo, e, geralmente marcado por contradições. É fantástico como Bakhtin consegue criar uma ideologia que chama a atenção para o fato de que o discurso verbal em si, seja em qualquer área da vida, é impossível de ser compreendido fora da situação social que o engendra.
Logo, aí nota-se uma gama de aspectos a serem observados, como: contextos sociais, identidades assumidas, relações de sujeição, dentre várias outras situações. Ou seja, as esferas do mundo social, encontram-se impregnados nos vários discursos que os humanos carregam uns dos outros. Também faz citação ao olhar para si mesmo se vê como cidadão, ou seja, é um recíproco, avalia-se o outro e ele mesmo acaba se avaliando.
Nesse aspecto, todas essas ideologias apresentadas fazem parte de uma esfera que pode ser chamada de diversidade das identidades práticas. Assim, o diálogo se torna um espaço pra reflexão e novas idéias. Voltar o olhar para sim, é a principal idéia, garantir o reconhecimento do eu, como ser social, como um humano que pertence de fato, à sociedade em que vive, não apenas ser um ouvinte. Ser participativo, e interagir com outros, e a partir dessa visão, interpretar tudo o quanto é colocado em nossa vida social.
Viver em uma sociedade globalizada, nos exige que pensemos e analisemos ao máximo nossas práticas como ser humano, pensante. Destaca-se, então, o estético, que, para muitos, é aquilo que chamamos de “ter boa aparência”, “ser lindo” ou até mesmo, tornar-se uma pessoa bonita. Pois já é comum notar-se que hoje, com tantos avanços, é possível uma pessoa tornar-se outra, em relação à aparência, com tantas opções através da estética.
A palavra é objetiva e direta, e com o poder de persuasão que possui, acaba por preencher qualquer espaço, dentre eles pode-se citar, o aspecto ético, o racional, o moral, o sentimental, etc. Enfim, o aspecto ético vai muito além do que se pensa, vai além do belo, do que se diz ser padrão de beleza na atualidade, é uma questão pessoal, Bakhtin afirma, e defende que o ser humano precisa antes de tudo, conhecer a si mesmo.
O processo de construção de identidades, não acontece de modo rápido e objetivo.
É um processo historicamente graduado, conseguir descobrir o seu papel na sociedade, é como olhar-se no espelho e tentar reconhecer, e enxergar no âmago de seu ser, qual o seu papel, qual a sua verdadeira identidade, como se porta em relação às causas sociais, o que de fato, ele é.
Pode-se se concluir que, Bakhtin consegue enxergar além do que chamamos de ética e estética em nosso cotidiano, ele nos afirma que é algo a mais que isso, bem mais complexo, e que exige de todos interesse para tentar solucionar, tais problemas, e responder às inúmeras indagações em relação a esses dois aspectos.
E acaba por nos mostrar que só podemos conhecer a nós mesmos, o que realmente somos, se, primeiramente conhecermos o Outro!
Referência Bibliográfica:
Bakhtin- Conceitos Chave.
BAKHTIN, Mikhail Mikhaiolovitch, 1895-1975, critíca e interpretação.
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