Augusto Ponzio
L’ascolto deriva dalla natura della parola, che vuole sempre essere ascoltata, ricerca sempre una comprensione attiva e non si ferma alla prima, più prossima comprensione immediata, ma si spinge sempre più avanti (illimitatamente). [,,,]”La possibilità di ascolto” come tale rappresenta già una relazione dialogica. La parola vuole essere ascoltata, compresa, vuole ricevere una risposta e rispondere a sua volta alla risposta, e così ad infinitum. Essa entra nel dialogo.
(M. Bachtin, Il problema del testo, 1960-61, trad. it. in A. Ponzio, a cura, Michail Bachtin. Semiotica, teoria della letteratura e marxismo Dedalo, Bari, 1977, pp. 227-229).
L’ascolto non è esterno alla parola, un’aggiunta, una concessione, una iniziativa di chi la riceve, una scelta, un atto di rispetto nei suoi confronti. L’ascolto è un elemento costitutivo della parola.
L’ascolto è dunque l’arte della parola, il suo fare, il suo mestiere, la sua attitudine, la sua prerogativa, il suo peculiare modo d’essere. Il peggior male che possa capitare alla parola è l’assenza di ascolto, l’assenza di interlocutore – non il tacere, che, al contrario, è proprio la condizione dell’ascolto, ma il silenzio
(A. Ponzio, Suan Petrilli, Lineamenti di semiotica e di filosofia del linguaggio, Bari, Grafis, 2008, Prfazione, p. v) .
1. Linguística do silêncio e linguística do calar
Ocupando-se unicamente dos elementos da língua e da frase, a linguística reconhece o silêncio como única condição do signo verbal. Ela não é capaz de lançar-se no espaço do calar, que é aquele da enunciação na sua irrepetibilidade, da palavra que é sempre outra palavra, palavra diferente, em relação de compreensão que responde com uma outra palavra.
A distinção entre “silêncio” e “calar” é tomada de um trecho das Notas de 1970-71 de Mikhail Bakhtin. Partimos dela para acrescentar algumas considerações.
Bakhtin distingue, de um lado, as condições da percepção do som e as condições da identificação do signo verbal, e de outro, as condições da compreensão do sentido da palavra, da enunciação. O silencio faz parte das duas primeiras, a recepção do som e a identificação do signo; enquanto o calar está entre as condições da compreensão do sentido.
O silêncio diz respeito ao som, e é também a condição da individuação, da identificação do som. Em relação à palavra, ele permite o seu reconhecimento, a identificação das unidades nas quais ele se articula e a individuação do dito. Já o calar diz respeito ao dizer e à compreensão que responde. O silencio e o ouvir, no sentido de escutar, dizem respeito às condições da percepção e do reconhecimento da palavra. Já o calar e o escutar dizem respeito às condições do entendimento produtor de sentido da palavra. O silêncio está ligado ao ouvir, ao fazer-se ouvir e ao querer ouvir. Já o calar está ligado à escuta, à disposição para a escuta e à demanda por escuta. O calar é possível apenas no mundo humano, apenas para o homem, mas requer escuta. O calar, a escuta, o som dotado de silêncio (a palavra) constituem, diz Bakhtin, uma peculiar “logosfera, uma estrutura unitária, ininterrupta, uma totalidade aberta (inacabável)”.
Uma coisa é a frase e o entendimento enquanto reconhecimento dos elementos reiteráveis do discurso (isto é, da língua) e outra coisa é a enunciação, o entendimento produtor de sentido da palavra viva não reiterável. Cada elemento do discurso é percebido em dois planos: no plano da reiterabilidade da frase como a célula morta da língua, e no plano da não reiterabilidade da enunciação como célula viva da palavra. Através da enunciação, através da palavra viva, a língua participa, acrescenta Bakhtin, “da não reiterabilidade histórica e à totalidade inacabada da logosfera”.
O silêncio permite a percepção dos sons e a os traços distintivos da língua (os fonemas) e portanto o reconhecimento, a identificação dos elementos reiteráveis do discurso, ou seja, dos elementos que fazem parte da língua, a nível fonológico, sintático e semântico.
Já o calar é condição da compreensão do sentido da enunciação única na sua irrepetibilidade e, portanto, a condição da resposta a ela, e que está nesta sua singularidade e irrepetibilidade.
O silêncio permite a individuação dos sons e a identificação das partes que se repetem da enunciação e que fazem parte do sistemada língua.
Já o calar permite apreender a enunciação como evento irrepetível, no seu sentido especial e de responder adequadamente a ela.
O silêncio tem a ver com a língua e com o seu substrato físico, de ordem acústica e fisiológica.
Já o calar tem a ver com a enunciação e com o sentido e, portanto, com aquilo que é propriamente singular, único, irrepetível.
O silêncio está ligado a entidades físicas, os sons, e a unidades abstratas da língua como sistema: os fonemas, os morfemas, as proposições, as frases.
Já o calar, diz respeito à unidade concreta da palavra viva, a enunciação na sua parte não reiterável.
O espaço do calar e o tempo da escuta são o espaço e a escuta da intertextualidade e do dialogismo das enunciaçõe. Os objetos da linguística se destacamì no silêncio, que permite perceber sons e identificar signos verbais. O silêncio não apenas a única condição dos objetos dos quais esta linguística se ocupa, mas também o seu limite, além do qual não há senão a negação e o anulamento da palavra viva.
Tanto a linguística taxonômica quanto a gerativatransformacional – que desvia a atenção dos elementos da língua e da frase para as relações de geração das frases – retomam uma mesma orientação. Esta orientação, esta atitude, prescinde da relação singular entre duas palavras outras, diferentes, entre a outra palavra e a palavra outra que requer escuta. Prescinde da relação de compreensão, capaz de resposta, das enunciações e de sentido delas, que, diferentemente das frases e do significado delas, não têm o silêncio como limite, mas requerem, em vez disso, o calar como condição para sua própria produção.
Consequentemente, a linguística taxonômica e a gerativa nada podem dizer da enunciação como célula viva da palavra, do seu caráter dialógico, da seu destino essencial em direção à compreensão capaz de resposta. E nada podem dizer sobre as diversas formas do calar, do falar indireto, divergente, alusivo, parodístico, irônico, da sua ambiguidade e polissemia, do sentido implícito, do subentendido, do desvio do dizer, da sua possibilidade de desobrigar‐se, da sua capacidade de “deslocamento” (Barthes 1978). Portanto, nada sabem dizer da escritura literária que é feita das “formas do calar”: “escritor” diz Bakthin, nas notas de 1970‐71, é aquele que não usa a língua diretamente, mas “tem o dom da fala indireta”, “veste‐se com
o calar”.
Fundamentada na noção de sistema de regras, e podendo portanto mover-se apenas no espaço que vai do som ao signo verbal fonologica, sintática e semanticamente identificado, ou seja, o espaço do silêncio, esta linguística do código pode ser justamente denominada
“linguística do silêncio”.
Não é casual o encontro e a troca recíproca de metodologia e terminologia entre a linguística da frase e a teoria matemática da informação. A mesma denominação “linguística do código” remete a esta troca. Como a teoria da informação, este tipo de linguística não conhece outra forma de obstáculo, de perturbação a não ser o “ruído” na interpretação dos signos verbais, reduzida à decodificação, ou seja, ao reconhecimento e à identificação. Na verdade, uma
vez que se reduziu à enunciação à relação, justo entre código e mensagem, a única perturbação só pode ser o “ruído”, devido a uma imperfeição do canal, ou da interferência do contexto externo, ou a uma falta de regras restritivas entre código e mensagem que permite o surgimento da ambiguidade. Trata-se fundamentalmente, de uma interrupção do silêncio, que a condição de percepção do sinal.
O problema do sentido escapa aos limites da linguístca do código, da linguística do silêncio e diz respeito à reflexão linguística que não se limita à língua enquanto código, nem às relações linguísticas entre os elementos do sistema da língua ou entre os elementos de uma única enunciação ou à relação entre as frases e aos processos de transformação (das “estruturas profundas” às “estruturas superficiais”), mas se ocupa das relações dialógicas nos encontros de palavras, de palavras diferentes, nos quais o que importa são a escuta e
a compreensão capaz de resposta.
O calar é o pano de fundo sobre o qual se delineiam relações dialógicas de palavras diferentes. Aqui as palavras são signos, abertas à ambiguidade, ao malentendido, outras palavras dirigidas a palavras outras.
Já o silêncio, a ausência de ruído, constituem a condição física da enunciação, a condição mínima que lhe diz respeito na dimensão da “signabilidade”, vale dizer, naquela do reconhecimento e da identificação, mas não bastam para que a enunciação subsista como signo
e tenha sentido.
O calar, está no encontro de palavras; é tanto a situação, a posição a partir da qual tem início a enunciação, quanto a situação, a posição na qual é recebida. A palavra viva tem como condição a possibilidade de calar, escolha do falante, e é violação do calar e não simples violação do silêncio; ao mesmo tempo, pressupõe o calar como posição de escuta.
Do calar, do qual a enunciação tem início como livre escolha, ao calar que ela requer, ao qual se dirige, se entrega e que a apreende na escuta: este é movimento da enunciação no encontro de palavras. Entre um e outro, o calar não é a diferença substancial: o calar no qual a enunciação tem início foi, por sua vez, posição de escuta; ea enunciação na verdade, é uma resposta, um interpretante de compreensão que responde. Vice-versa, o calar que é posição de escuta, é, por sua vez, justamente para que a escuta se realize de fato, início de compreensão que responde, que se for de tipo verbal, é uma resposta sob forma de enunciação.
2. Linguística do silêncio e comunicação do silêncio
A “linguística do silêncio” corresponde a um sistema de dominado pelo silêncio. A linguística do código é a expressão das reais forças centrípetas do social. O monologismo, a tendência à monofonia e a redução do signo a nível de sinal, ou seja, à relação de troca equânime entre significante e significado, pertencem apenas de forma secundária à linguística do silêncio. Elas pertencem em primeiro lugar à forma social que escolhe o silêncio como
pano de fundo do falar e do qual a linguística do silêncio é apenas uma expressão.
A homogeneização do universo comunicativo reduz a escuta ao querer escutar, torna ínfimos os espaços para o calar no qual a liberdade da escuta é tão necessária quanto a liberdade da palavra. E consequentemente a homogeneização do universo comunicativo atribui concretamente ao signo verbal unicamente as características convencionais de sinal ou as características naturais do som.
Da necessidade e causalidade do natural à repetição e arbitrariedade do convencional, ou para dizê‐lo com Charles S. Peirce do índice ao símbolo: este é o âmbito reservado à palavra que perde assim a sua ambivalência, a sua ductibilidade, a sua origem, a sua autonomia,
a sua alteridade, a sua excepcionalidade – aspectos que Peirce atribui ao ícone .
Encerrada no universo do silêncio e da imposição da fala conforme as convenções, os hábitos, os lugares comuns do discurso, a palavra enfraquece seu caráter de desafio, de provocação, em relação à identidade, à totalidade fechada; parece perder a sua possibilidade de questionar o que parece sólido e definitivo, quase como se naturalizasse. O que no entanto a palavra pode fazer com seu próprio calar, com sua própria não colaboração com o universo fechado do discurso, com a sua própria recusa ao monologismo, com o seu trasbordar da lógica da troca equânime entre significado e significante, entre interpretado e interpretante? Pode fazer enquanto palavra irredutivelmente singular, enquanto palavra dissidente.
O calar, diz Bakthin, no trecho das suas “Notas de 1970-71” citado acima, é possível apenas no mundo humano. E, no entanto, a imposição da palavra no espaço do silêncio, a sua separação do calar e da liberdade da escuta aberta à polissemia, retira da palavra o seu caráter humano e a torna algo mecânico e pseudonatural, fazendo‐a oscilar entre a convencionalidade do signo e a naturalidade do som, a naturalidade daquilo que não tem mais sentido.
Libertar a palavra: liberdade da palavra em vez de liberdade de palavra, que é a liberdade sobre a palavra. A liberdade de palavra se apresenta como mistificação e ilusão na comunicação do que rer ouvir e do querer fazer‐se ouvir, do interrogar e do responder, do conceder e o do tomar a palavra, enfim, da comunicação do silêncio.
É possível, em vez da “linguística do silêncio e do querer ouvir”, uma linguística do calar e da escuta”? Esta deveria considerar uma outra palavra, uma palavra diferente, uma palavra feita de diálogo, de escuta, de hospidalidade e de acolhida, uma palavra quevive no encontro com uma palavra, por sua vez, livre.
Tem-se experiência desta palavra naquelas relações restritas ao “privado”, relações íntimas, familiares, de amor. Nas práticas ”públicas” da palavra, ela pode ser encontrada certamente na escritura literária e na prática da tradução. Assim concebida, uma “linguística da palavra” é indissociável da teoria literária e da teoria da tradução. Essa indissociabilidade, essa ausência de solução de continuidade, está formalmente evidenciada no percurso que as atravessa
esta pesquisa.
3. Calar e infuncionalidade da palavra literária
A palavra literária evita o sentido dominante do universo da palavra direta, monológica, o sentido óbvio ligado à imposição do silêncio e do querer ouvir, retirando os significante de seus percursos interpretativos costumeiros.
Segundo Bakhtin, o escritor é quem sabe trabalhar na língua estando fora dela, e que possui o dom do falar indireto. Como “autor primário”, como “autor-homem”, o escritor não diz nada, coloca-se em posição de escuta. Na obra literária, o “autor primário”, o “autor-homem”, veste-se do calar”, e este calar assume formas diferentes, da paródia à ironia, à alegoria.
Ao universo da palavra direta, da palavra objetiva, da identidade, da totalidade, do monologismo, da monofonia, do poder da linguagem, da homogeneização das necessidades e dos desejos, do silêncio, a palavra literária não contrapõe um outro sentido que se soma ao sentido dominante, ao sentido óbvio (Barthes 1982), mas “abre completamente o campo do sentido”, “abre para o infinito da linguagem”.
O calar da palavra literária desvia o sentido, subvertendo não o conteúdo, mas a própria prática do sentido, desnorteando a prática da significação com a da significância. Libera os significantes, que recusam assim os percursos interpretativos, os significados habituais. Usa a linguagem verbal de maneira que esta não tenha compensação num objetivo, que não se justifique com uma função.
O universo da palavra literária é aquele da alteridade, da polifonia, do plurilogismo, do diálogo, da escuta como espaço interpessoal, no qual “eu escuto” quer dizer também “ouça-me” (Roland Barthes). É o lugar do vocativo, da significância do próprio dizer (Lévinas). É o lugar no qual o ícone da face do outro, não com o seu sentido, com a sua alteridade absoluta, põe em crise a convencionalidade simbólica e a coerção indicadora dos signos, e requer, mesmo sem pedir – alias impõe – uma responsabilidade absoluta em relação a si próprios,
uma responsabilidade incondicionada, sem álibis.
O calar não está a serviço da ordem do discurso, não é functional à produção do significado. O calar tem, ao contrário, as características que Blanchot (1955 e 1969) atribui à “outra noite”, aquela que não é necessária à produtividade do dia.
O calar não é refugo da linguagem verbal, mas recusar‐se a seu uso em função da identidade. É falar indireto, palavra distanciada, palavra irônica, paródia, riso. Como Soeren Kierkegaard, teórico da palavra indireta – doutor em ironia, como dizia jocosamente de si mesmo, e que fez sua monografia de graduação sobre a ironia de Sócrates – observa, a palavra direta, objetiva, não se preocupa com a alteridade, com a palavra em relação a si mesma. A palavra direta não se preocupa com a alteridade do sujeito que se ilude de objetivar-se nela, nem com a alteridade do interlocutor, se não para superá-la, englobá-la, assimilá-la. A palavra cuida apenas de si mesma e por isso, diz Kierkegaard, não constitui propriamente nenhuma comunicação que comporta a imposição do silêncio.
O calar da escritura literária, enquanto falar indireto, é “aquela ação de deslizamento sobre a língua, que Barthes (Leçon,1977) considera própria do escritor, e como diz Bakhtin (1970-71) “pode assumir diferentes formas de expressão, diferentes formas de riso contido (ironia), de alegoria, etc.”. Kierkegaard observa que o segredo da comunicação, consiste justamente em tornar o outro livre, e é por isso que não se deve comunicar diretamente, aliás seria sacrilégio faze.lo.
As possibilidades desta prática do calar diante do silêncio como forma dominante da comunicação dos dias de hoje são analisadas de forma lúcida por Pier Paolo Pasolini em um outro escrito intitulado “Il romanzo delle stragi8”. Este escrito começa rompendo o silêncio com “EU SOU”. Trata-se do saber devido ao fato de ser um escritor, um inventor de histórias, um romancista que tenta imaginar tudo o que não se sabe ou tudo o que se cala, que coordena fatos mesmo distantes, que coloca juntos pedaços desorganizados e fragmentados, que reestabelece a lógica onde parecia reinar a arbitrariedade. Tudo isso faz para do “ofício” e do “instinto de escritor”” (Pasolini 1975: 89).
Trata-se de saber, sem provas nem indícios, que, como tal, pode denunciar, acusar, mas sem poder; que pode denunciar e acusar porque não está comprometido na prática do poder, porque está for a da política, mas justamente por isso, não é o Saber das provas e dos indícios e não tem poder. E, no entanto, mesmo sem poder, aliás, justamente por isso, a palavra indireta da literatura, esta forma de calar, alusiva, parodística, irônica, esta forma de riso, talvez seja aquela
que hoje mais afirma os direitos da alteridade contra a homogeneização da identidade à comunicação do silêncio.
A palavra literária oferece a possibilidade de entender a plena estrutura dialógica da palavra, que observada a partir de um ponto de vista externo à literatura, é entendida apenas de maneira superficial e monótona. Na verdade os gêneros literários são tipos especiais do tipo geral dos gêneros da palavra, desempenham um papel fundamental em relação ao problema do diálogo e da dialogiciadade, do dialogismo.
. Os gêneros literários, que Bakthin distingue daqueles gêneros das trocas comuns, configuram, tornam objetivada a palavra dos generos ordinaries, que perde a sua ligação direta com o contexto atual e com os objetivos da vida cotidiana, e, consequentemente, perde o seu caráter instrumental, funcional.
A palavra da escritura literária sai do contexto limitado da orientação predominantemente monológica, segundo a qual é empregada em relação ao seu objeto, à sua função e aos fins restritos dos indivíduos que a empregam. A palavra literária entra, no entanto, no contexto do discurso que a configura, na complexa interação verbal com o autor que a reporta, a objetiva, na forma do discurso indireto, direto, indireto livre e nas suas variantes. Por isso, a complexidade do diálogo da palavra viva pode ser melhor estudada na configuração literária da palavra e na sua dialogização interna. E este estudo interessa quando a busca não apenas não se dirige à palavra
reduzida a frase, a célula morta da língua, mas à enunciação, à célula viva do discurso, é a busca da palavra outra, não sujeitada, não funcional, não servil, da palavra na liberdade.
Isso significa que mais do que depender da linguística, o estudo da palavra literária pode contribuir para uma compreensão do caráter dialógico da palavra fora da arte e, portanto, substituir na linguística a atitude de querer ouvir pela disposição para a escuta. Além disso, a palavra literária se coloca sempre, em maior ou menor grau, fora do discurso funcional e produtivo, pela sua colocação exotópica, extra‐localizada, fora do lugar em relação aos lugares
comuns do discurso, olha sempre para as coisas humanas com uma espécie de ironia, com uma atitude crítica, sério-cômica, mais ou menos acentuada conforme os gêneros literários e suas variantes. Justamente essa exotopia em relação à própria contemporaneidade confere ao texto literário a possibilidade de sobreviver à sua contemporaneidade.
É esta participação distanciada, mas não indiferente, própria da palavra literária que dá voz à “percepção dupla”: vejo um objeto, sinto um sabor, ouço um som e cada um deles me remete a um outro objeto, a um outro sabor, a um outro saber, a um outro som, a uma
outra situação, a uma outra experiência. É a percepção da qual fala Giacomo Leopardi (Zibaldone) e da qual fala Proust, conforme a qual o mundo e os objetos são, de certo modo, duplos. Percepção dupla que não é apenas condição do pensamento de poeta, mas também de uma vida não reduzida a essa monofonia asfixiante, pela homogeneização, pela redução ao mesmo, pelo fechamento da identidade. Triste a vida, diz Leopardi, e é assim a vida, normalmente, sem a percepção dupla, a vida de que não vê, não cheira, não sente a não ser os objetos simples, aqueles apenas dos quais os olhos, os ouvidos e os outros
sentidos recebem a sensação.
A palavra literária, como diz Proust (Contre Sainte-Beuve), nos remete à vida da palavra, despedaça com todas as suas forças a crosta de gelo do hábito e da razão moldada diretamente sobre a “realidade”, e que nos impede de vê-la.
Esta abertura para a alteridade própria da palavra literária não pode ser perdida de vista no ensino da literatura.
A palavra literária permite fazer o que Perseu, o “herói leve” louvado por Italo Calvino (nas Lições americanas, 1988), faz no mito quando vence a Medusa. Perseu vence o monstro cujo olhar petrifica, olhando-o não diretamente e nem tampouco evitando olhá-o ou virando os olhos para outra direção, mas olhando-o indiretamente, refletido, como se diz no mito, no escudo. De forma análoga, a escritura literária pode furta-se à petrificação da realidade olhando as coisas, mas de maneira indireta.
Italo Calvino afirma que a apalavra literária, e talvez apenas ela, pode criar anticorpos que se oponham à expansão da epidemia pestilenta que atingiu a humanidade naquilo que mais a caracteriza, o uso da palavra, tornando-a sem força expressiva, servil, reduzida a estereótipos e fórmulas genéricas, sujeita ao automatismo. É a palavra subjugada pela “língua comunicativa” contra a qual reagia Pier Paolo Pasolini
Não por acaso, no romance de Orwell 1984 a “New Speak”, que representa o ponto extremo da hipótese de uma reali dade na qual o não-funcional e o excedente tenham sido cancelados, apresentada-se como clara antítese à palavra literatura. Quais são as características da Novilíngua? Não é difícil imaginá-las, são todas aquelas das quais a palavra literatura é dissidente: monofonia, monologismo, submissão do significante a um significado pré-estabelecido, eliminação de significados heterodoxos e, em todo caso, secundários, redução da escolha das palavras ao grau mínimo, redução do vocabulário ao essencial, homogeneização das regras morfológicas e sintáticas, ausência de irregularidades e exceções. Na New Speak todas as ambiguidades e as nuanças de significado são rigidamente eliminadas a ponto que, lemos, seria completamente impossível usá-la para fins literários.
Mas, o que mais oferece resistência a esta língua quando nesta língua querem se traduzir obras do passado? A palavra literária, evidentemente. E foi, sobretudo, para dar uma pouco de folga a este trabalho de tradução, diz o romance de Orwell e assim, conclui-se que a adoção final da Novilíngua tinha sido fixada para uma data tão distante como 2050.
O que nos diz, portanto, 1984 com esta hipótese extrema de uma língua da qual o excedente, a alteridade, a utopia e a escritura sejam eliminados com a eliminação da polifonia, do plurilogismo, da pluridiscursividade?
Poderíamos responder com Leopardi , que já tinha refletido no Zibaldone sobre uma hipótese deste tipo, muitas vezes almejada na história do pensamento. Ou seja, que uma língua deste tipo, qualquer que seja, deveria certamente ser a língua mais submissa, pobre, vil, monótona, uniforme, árida e feia, a mais incapaz de qualquer tipo de beleza, a mais imprópria à imaginação, a mais exangue, inanimada e morta que jamais pudesse ter sido concebida; um esqueleto, uma sombra de língua mais do que propriamente uma língua verdadeira, uma língua não viva, ainda que escrita por todos e universalmente compreendida; a mais morta de qualquer uma das línguas mortas. Mas pode-se sem dúvida não apenas esperar, mas predizer firme e certamente, acrescenta Leopardi, que, por mais que os homens possam ser escravizados e submetidos pela razão, uma língua desse tipo não poderá jamais existir.
4. O sujeito falante e a “sua” palavra
Não existe de um lado o sujeito falante, o indivíduo, e de outro, a língua, que, fato social, seria, como diz Saussure (Cours de lin guistique) um produto que o falante aceita passivamente. Não se “aceita” a “própria língua materna”, observa Bakhtin, no livro com Voloshinov de 1929; é dentro da própria língua que se chega pela primeira vez à consciência. A língua não se impõe à pessoa que a fala: ela é o lugar onde esta se desperta pela primeira vez.
Somente a língua estrangeira estabelece uma relação de distância entre falante e língua. E justamente esta relação com a língua estrangeira que permite aquela distância, a exotopia,
diante da “própria língua”, da “língua materna”, da lingual onde a consciência formou‐se originariamente, que é a mesma posição que o escritor tem que assumir diante da língua para
existir enquanto tal.
Esta percepção do estranhamento da própria língua como se fosse estrangeira, ou melhor, este reconhecimento dela como de outro, como outra, a tomada de consciência do fato
de que não se é proprietário dela, põe o escritor na posição de tradutor. A Autobiographical Essays de Borges atesta esta relação muito estreita entre escritor e tradutor, mais exatamente
entre leitura, tradução e reescritura: Borges leitor‐tradutorescritor.
O que une tradutor e escritor é o fato de que ambos não usam a língua diretamente, não falam em nome próprio.
O escritor, diferentemente do jornalista, do crítico literário, do especialista de uma certa disciplina, etc, não escreve de maneira direta, não assume a palavra como própria, usa a lingual estando fora dela. Como autor-homem, o escritor não diz nada. Na obra literária, o autor-escritor fala nas formas diferentes do calar como a paródia, a ironia, a alegoria, etc. O calar evita a ordem do discurso (Foucault), tem as características que Maurice Blanchot atribui à outra noite, aquela que não serve para a produtividade do dia.
O tradutor, como o escritor, se vê tendo que dialogar com a própria língua, sentindo toda a materialidade, a resistência, o estranhamento dela.
Compreende-se porque, a partir do ponto de vista do escritor e do tradutor, dada a sua exotopia em relação à própria língua que, portanto, é percebida em toda a sua alteridade, como língua do outro, não são contraditórias as duas proposições que encontramos no livro de Jacques Derrida O monolinguismo do outro (200428):
– Não se fala a não ser uma só língua.
– Não se fala nunca uma língua só.
Esta dupla fórmula, diz Derrida não é apenas a mesma lei que chamamos tradução, seria, antes de mais nada, a própria lei do falar como tradução.
O escritor e o tradutor vivem a verdade da relação com a língua e com a palavra, porque, como acrescenta Derrida, qualquer um deve poder dizer: “não tenho a não uma língua apenas e (então, já de forma permanentemente) e não á a minha”. E em vez de fechamento, este reconhecimento é a condição para dirigir‐se ao outro, para escutar o outro, o outro como outro em si, como alheio e o outro como outro de si. É da outra palavra.
Compreensão e mal‐entendido, em uma relação que não é de recíproca exclusão, constituem a condição para o encontro de pala tempo ao outro, de disposição incondicional ao acolhimento da sua palavra, de convite a conter-se ainda um pouco, a dizer de novo, exatamente na consciência ou no pressentimento de que essa possa não acontecer outra vez, possa ausentar-se, não existir mais, não ser.
A escuta é baseada em um claro pressentimento de ausência do outro,
em uma forte sensação da sua falta, mesmo em sua presença, em um desejo incondicional do seu dizer, da sua voz.
O que a teoria lingüística de Noam Chomsky não consegue explicar é a multiplicitade dals línguas que, ainda por cima, contrasta com a hipótese da unicidade gramática universal inata. Tendo em vista seus presupostos, a linguistica chomskiana não consegue enfrentar a “enigma de Babel”.
A questão central é se a palavra pode circular nos lugares de discurso ou seja, se nos lugares-comuns pode existir a liberdade de palavra. A liberdade da palavra, não a liberdade de palavra, estritamente ligada à tomada da palavra.
A liberdade de palavra faz parte dos lugares-comuns, daquela ilusória segurança da qual falamos desde o início; mas é também indício de demagogia secundária, baseada na qual não somente uma pessoa “toma a palavra”, a “pretende”, a “concede”, a “dá” (Dou a minha palavra!), mas, mais ainda, a distribui, dividida, segundo um tempo igual para todos: a cada um tempo de palavra.
O problema da palavra é, afinal de contas, o problema que Roland Barthes se colocava em um dos seus últimos cursos: Como viver juntos. Com certeza, ao fato de viver juntos são de obstáculos todos os tipos de pertencimento, os presumidos pertencimentos da palavra: individuais, de classe, de grupo profissional, de fé religiosa, de etnia, de cultura, de nação.
Viver juntos está entre Babel e Pentecostes. Não é fácil porque é necessário liberar-se do preconceito segundo o qual tudo seria mais fácil, tudo daria certo e tudo procederia em harmonia, se o assujeitamento que a gramática pretende realizar sobre o falar se tornasse verdade, se efetivamente existisse uma gramática universal menos, uma língua nacional unitária, fixa e disponível que requeresse somente o esforço de aprendê‐la. Enfim, o preconceito segundo o qual Babel é uma maldição e Pentecostes, um milagre. Trata-se de ver se – no falar conosco mesmos, com os muitos eu das nossas palavras e com os outros – não é mais rentável para a recíproca compreensão uma outra atitude. Essa consistirá em considerar que a única possibilidade de encontro entre a outra palavra de cada gaguejo e a palavra outra que acolhe e hospeda, que escuta,seria a consciência de que Pentecostes é a normal administração e
que a felicidade da palavra, no sentido de um falar feliz e de um compreender feliz, reside mesmo em Babel.
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